Por que sites sem estratégia não crescem

Você criou algo ótimo — mas agora é isso que está te segurando.

Quando eu administrava uma agência de viagens, anos atrás, decidimos sair de um site simples em HTML para o WordPress — que era uma grande tendência na época. Resolvi tentar fazer por conta própria, conectando os pontos em uma plataforma que eu mal conhecia, mesmo sendo “só arrastar e soltar”. Mas meu foco real era em vendas e gestão, não em design.

No fim, contratamos uma agência para reconstruir o site da forma certa. O processo levou quatro meses, por causa de toda a estrutura e conteúdo que precisávamos organizar — mas o resultado foi sólido. Ainda lembro da sensação de alívio de entregar o projeto a profissionais e ver tudo se encaixar. Olhando hoje, com o olhar de design que tenho, eu faria muitas escolhas diferentes. Mas, naquele momento, foi a decisão certa — e me ensinou algo importante: fazer um site é fácil; fazer um bom site não é.

Hoje, a quantidade de informação e ferramentas disponíveis é imensa. Dá pra aprender web design no YouTube ou usar plataformas no-code como Wix, Squarespace, Framer ou Canva para criar algo em um fim de semana. São ótimas para começar — rápidas, acessíveis e empoderadoras.

E agora, com o avanço da IA, temos ainda mais possibilidades. Existem ferramentas que fazem wireframe, desenham e até constroem sites pra você. Recentemente testei o Lovable — e fiquei impressionado. Você escreve um prompt e, em segundos, o site está pronto. Mas o desafio foi editar o que eu não queria. Aí vem o re-prompting… e mais prompting… e de novo. Se já é cansativo pra quem trabalha com isso, imagino pra quem não trabalha. Acho que o que quero dizer é simples: tempo é dinheiro — e menos é mais.

Se o seu objetivo é criar um site por diversão, tudo bem.
Mas se é pra gerar resultados — atrair clientes, crescer sua marca e escalar —, então trabalhar com um designer ou uma agência faz toda a diferença.

Na Sonoda Creative, é assim que vemos cada projeto: como uma parceria, não apenas um serviço. Em algum momento, a “opção fácil” começa a custar caro — em desempenho, controle e oportunidades.

1. Você está preso na caixa de outra pessoa

A maioria das plataformas de construção rápida te dá liberdade no começo — mas é uma liberdade com paredes invisíveis.
Elas são criadas pra deixar tudo fácil, mas fácil também significa limitado.

Quando você precisa de algo além do básico — um portfólio dinâmico, um formulário multi-etapas, um fluxo de conteúdo único — começa a lutar contra a ferramenta, em vez de construir com ela.
Não dá pra mover seções livremente, ajustar hierarquias ou conectar dados de formas inteligentes. A estrutura é fixa… você só pode colorir dentro das linhas de outra pessoa.

É como alugar um apartamento mobiliado: ótimo no início, mas depois você quer derrubar uma parede ou trocar o sofá. Seu negócio cresce, suas necessidades mudam… mas seu site não acompanha. E é aí que você sente o peso de uma plataforma feita pra todos — menos pra você.

2. O problema não são os templates — é como você os usa

Percebo que muitas ferramentas no-code são otimizadas para conveniência, não para criatividade. Templates podem ser um ótimo ponto de partida… mas sem uma estratégia por trás, todos acabam parecendo iguais.

É por isso que tantos sites têm a mesma estrutura: uma imagem de destaque, três ícones, depoimentos e um grande botão “Fale Conosco”.
A culpa não é do template — é da falta de direção.

Um designer sabe como ultrapassar esses limites: ajustar a hierarquia, refinar espaçamentos, equilibrar a tipografia e trazer a personalidade da marca.
É assim que se transforma um template em uma experiência personalizada.
Porque bom design não vem de começar do zero — vem de saber o que mudar, e por quê.

Aprendi isso com um colega. Sempre que eu criava algo novo para um site, ele perguntava:
“Por que isso? Por que desse jeito?”

No começo eu pensava: “Cara, esse tipo é impossível — questiona tudo!”

Um dia perguntei por que ele fazia isso. Ele sorriu e disse:

“Quando você cria algo e não sabe o porquê, é porque o que você criou não é importante. É irrelevante.”

Doído, mas verdadeiro.
Essa lição ficou comigo. Cada linha, cada espaço, cada decisão em design precisa de um motivo.

Às vezes vemos uma barra dupla de navegação ou um layout que foge da grade — está errado?

Se o designer sabe o porquê, e está gerando resultados, então absolutamente não.

Design sem propósito é decoração. Design com propósito é comunicação.

3. Ferramentas fazem muito — mas não pensam por você

Sejamos sinceros… as plataformas no-code evoluíram muito.
Você pode rastrear conversões, integrar CRMs, adicionar reservas e até automatizar marketing.
Tecnicamente, fazem quase tudo o que uma estrutura profissional faz.
Mas há uma diferença essencial: a ferramenta não toma decisões estratégicas por você.

Você pode conectar dez apps e ainda ter um site confuso.
Pode ter analytics e ainda não saber o que procurar.
Pode ter os widgets certos… mas se estrutura, fluxo e conteúdo não estão alinhados com objetivos, você só está decorando com tecnologia.

É aí que entra a experiência.
Um profissional não apenas conecta ferramentas — ele projeta como tudo funciona em conjunto.
Da hierarquia ao tempo de carregamento, da narrativa à confiança.

Porque bom design não é sobre adicionar mais coisas… é sobre saber o que realmente importa.
No fim, o maior custo não é a assinatura nem a ferramenta — é o tempo gasto ajustando o que nunca teve uma estratégia clara.
E tempo é a única coisa que o seu negócio não pode reconstruir.

The takeaway

• As ferramentas no-code vão continuar evoluindo… mas a estratégia sempre será humana.

• A verdadeira diferença não está em quem clica em “publicar”, e sim em quem define o propósito por trás de cada clique.

• Quando você trabalha com um designer que entende seus objetivos, o site deixa de ser um enfeite e se torna um motor de crescimento.

• É como uma dança — pra funcionar, tudo precisa estar em sincronia.
  E não é fácil, mas dar um passo de cada vez cria ritmo, clareza e impacto.
  É assim que marcas deixam de se misturar e passam a liderar.

Eu disse antes que a estratégia sempre será humana.
Ainda acredito nisso — embora uma parte de mim se pergunte até onde iremos com a IA.
Será que vamos perder a arte de pensar em troca da arte de pedir?
Talvez. Mas essa é uma conversa pra outro dia. 😉